sexta-feira, 16 de abril de 2010

Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano - IAHGP

Quem passa pelo Bairro da Boa Vista todo dia, está bastante acostumado com a correria que existe no lugar. Centenas, milhares de pessoas vão e vem todos os dias pelo quente asfalto da avenida que dá nome ao bairro da Boa Vista. Mas poucas pessoas conhecem a história do lugar e se quer sabem da existência da parte que compreende aos quase extintos conjuntos arquitetônicos, que ainda resistem as "cantadas" feitas pela especulação imobiliária que está acabando com essas construções do século passado por toda cidade. Casarões, vilas e sobrados, guardam parte da essencia poética do lugar. Em muitos deles viveram vários de nossos poetas. Como o que fica localizado na Rua da União, onde viveu Manuel Bandeira, e o sobrado em que viveu a nossa ilustre Clarice Lispector, na frente da praça Maciel Pinheiro (rua do Aragão). Sem falar do mercado da Boa Vista que nos faz voltar as primeiras décadas do século passado, com seu clima de puro ócio boêmio.

Pois bem. Eu como muitos estudantes, transitamos pelas ruas do bairro da Boa Vista e nos deixamos levar pela correria do nosso dia a dia. Mas uma rua em especial nos chama a atenção tanto pela quantidade de pessoas que por ela transitam, tanto por seu conjunto cassarios, que devido as placas e fachadas utilizadas pelo comércio local, esses imóveis passam por despercebido pelas pessoas que transitam pelas ruas do centro do recife. E é exatamante no centrão do Recife, onde está localizado a Rua do Hóspicio, que abriga dentre outros empreendimentos o Teatro do Parque. Mas um certo casarão passa quase dispercebido em meio a poluição visual das fachadas das lojas. Esse casarão abriga o um dos mais importantes museus do estado, e que quase ninguém conhece o Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco - IAHGP, abriga nas suas dependências um dos mais nobres acervos da históricos e artísticos do nosso estado.

O Instituto foi fundado em em 28 de janeiro de 1862 , que ao longo desses quase dois séculos tem a missão de resguardar a história e cultura de nosso estado. Sendo o segundo mais antigo Instituto histórico do Brasil, possui em seu acervo documental mais de 1 milhão de manuscritos, registros iconográficos, e cartográficos. Com documentos que datam do século XVI ao XX. Onde sua biblioteca-hemeroteca tem cerca 20 mil volumes, alguns de extrema raridade e importância histórica para o pais. Seu rico acervo conta com pinturas, mobilliário, armas, painés das 2 batalhas dos Guararapes, gravuras e lápides com caracteres que contém características e estilos renascentistas/humanista e com o largo contraste de transição "grosso e fino" bem como serifas e angulações nas capitulares que ainda estão bastante definidas, mesmo com a ação do tempo. Durante esses 148 anos o Instituto adquiriu um rico acervo seja através de doações ou por aquisições do próprio instituto, que possiblitou a aquisição de diversas preciosidades históricas, como o marco de pedra mais antigo do Brasil! O qual foi chantado no ano de 1535, tendo a função de dividir as capitanias de Pernambuco e de Itamaracá.

O prelo tem uma história fascinante. Foi que em 1815, o comerciante Ricardo Fernandes Castanho, adquiriu uma impressora francesa que seria a primeira impressora oficial já registrada no estado. E só no ano seguinte é concedido ao comerciante o alvará de funcionamento de sua oficina tipográfica pernambucana. Onde encontrou dificuldades para ser operada, pois, em Pernambuco ainda não tinha mão-de-obra qualificada disponível para executar esse tipo de atividade. Logo a máquina ficou inoperante até 1817, quando acontece o estopim da revolução pernambucana. E a impressora acaba indo parar nas mãos dos revolucionários, que aproveitam a chance de difundir ainda mais seus ideais, através da impressão de seu manifesto com os tipos moveis e o prelo adquirido. Onde se oportunaram da presença do impressor inglês James Prinches, em solo pernambucano. Também contaram com a ajuda de um marinheiro francês e dois frades brasileiros os rebeldes por fim conseguiram imprimir o seu manifesto em 28 de março. "Preciso (relato) dos sucessos que tiveram lugar em Pernambuco, desde da faustissima e gloriosissima operada felizmente na praça do Recife, aos seis do mês corrente de março em que o generoso dos nossos patriotas exterminou daquela parte do Brasil o monstro da tyrania real". Entrando assim para história como o primeiro trabalho impresso no solo pernambucano, que ficou a cargo da Oficina Tipográfica da República de Pernambuco.

Tão logo os revolucionários foram derrotados pelo exército português, os materias foram confiscados, apreendidos e levados de volta para o Rio de Janeiro, onde estava situada a cede do governo colonial. No entanto, o Governo de Pernambuco necessitava de uma oficina tipográfica, para imprimir seus documentos oficiais e atos oficiais da província. Foi quando Luiz do Rego Barros, Governador de Pernambuco, passou a utilizar o restante dos materiais que sobraram e ainda estava em poder da província, afim de suprir as necessidades de materiais impressos do estado. O Governador ordenou a construção de um prelo de madeira, para montagem de uma oficina gráfica que logo foi instalada no galpão do Trem Militar (intendência), que funcionava na cidade do Recife. Que logo ficou conhecida como a Oficina do Trem de Pernambuco que teve vários proprietários. Após muitos investimentos para o melhoramento da qualidade dos serviços prestados pela oficina, ela teve seu nome alterado passando a ser chamada de Typographia Nacional. Que passou a pertencer ao comendador Antonio José de Miranda Falcão, Com a oficina já estabelecida na Rua Direita, em 7 de novembro de 1825 Antonio José de Miranda Falcão, publica o primeiro fascículo do Diário de Pernambuco, que inicialmente tinha sido concebido como um simples folheto de anúncios , pois ainda não havia na cidade do Recife, nemhum veículo de comunicação ou informativos que publicassem e facilitassem as transações, além das noticias direcionadas ao grande publico da cidade que já era bastante populosa na época. O Diário de Pernambuco, iniciou suas atividades com o formato 24,5 cm x 19cm, que ficou a cargo da Tipografia Miranda&Cia, que se propuseram a imprimir-lo diariamente com exceção dos domingos. Que veio há se tornar o mais antigo jornal em circulação da América Latina com 185 anos de existência. Não demorou muito para que o Diário de Pernambuco, tivesse um cocorrente. Logo após a sua fundação foi criado o seu principal rival o Diário Novo, que recebeu este nome para que seus leitores conseguissem destingui-lo do "diário velho".

O Diário Novo, era um orgão do partido liberal, funcionando assim na Rua da Praia, 55. De 1842 a 1848, Luiz Inácio Roma, que era filho do Pe. Roma, que foi herói Pa revolução dos Padres que aconteceu em 6 de março de 1817, ato que culminou na criação da bandeira do Estado de Pernambuco, hoje comemora-se a celebração da Data Magna de Pernambuco.

Além de guardar esse e outras preciosidades, o IAHGP é considerado como instituição de "utilidade publica" pelo decreto Federal de 1919, além de conter cerca de 50 sócios que até os dias de hoje ajudam a manter o Instituto e investem na preservação de seu acervo. E não recebe nenhuma contribuição de nenhuma esfera do governo. Vale muito a pena conhecer o Instituto. Ele está localizado na Rua do Hospício, 130, Boa Vista, Recife - PE. Está aberto para visitação de segunda a sexta das 13h às 17h e nos sábados das 8h às 13h.












































































































































5 comentários:

  1. Bela pesquisa. Escreveu que só, hein! :)

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  2. Olá! Achei mais que interessante seu blog! Me apaixonei por tipografia depois que descobri que isso é uma verdadeira febre entre os artesãos estrangeiros (www.etsy.com - digite letterpress e verá coisas lindas)! Estou montando um plano de negócios para, futuramente, me dedicar 100% nesse tipo de impressão. Claro, não com tipos de madeira ou aço, mas com placas de fotopolímero e papel algodão. Boa sorte com o projeto!

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  3. Faltou falar do Seu Severo
    Ele também faz parte do patrimônio ^^
    Ficou muito bom
    Parabéns
    Estou com um projeto sobre o Instituto
    esse blog ajudou muito.
    E vamos divulgar o Instituto que está caindo no esquecimento

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  4. De fato, muito boas informações, mas o Sr. Severo que tive a oportunidade e o prazer de conhecê-lo não pode nem deve ser esquecido, era tipo guardião e guia para estudantes de colégios e faculdades, onde se destacava seu carinho, paciência e amor ao trabalho que por ele era desenvolvido. Vamos Lembrar com suas imagens não só na lembrança, vamos homenageá-lo, olha aí um sujeito da história, Peter Burk e a História de baixo.

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  5. De fato, muito boas informações, mas o Sr. Severo que tive a oportunidade e o prazer de conhecê-lo não pode nem deve ser esquecido, era tipo guardião e guia para estudantes de colégios e faculdades, onde se destacava seu carinho, paciência e amor ao trabalho que por ele era desenvolvido. Vamos Lembrar com suas imagens não só na lembrança, vamos homenageá-lo, olha aí um sujeito da história, Peter Burk e a História de baixo.

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